sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Entrevista com a banda Afasia

Leia aqui na íntegra a entrevista que a estudante de jornalismo Ana Gabriela Faria  fez com as meninas da banda Afasia





A banda Afasia foi a primeira banda feminina de hardcore da cidade de Uberlândia,tendo inicio das suas atividades em 2003, sob a influência de bandas como: Dominatrix, Bulimia, L7, Hole, The Distillers, Bikini Kill entre tantas outras bandas sempre com vocais femininos. A Afasia prega em suas letras o feminismo contra o sexismo, o preconceito e o patriarcado imposto pela sociedade. A ideia de ter sempre garotas em todas as formações já existentes, surgiu com a intenção de fortalecer a cena hardcore/punk entre as mulheres. Sendo que a formação segue praticamente inalterada desde a fundação. Depois de uma pausa que começou em 2006 e durou até 2010, a Afasia volta a ativa com ainda mais força. 
Durante a descontraída entrevista concedida pela vocalista Lerida e a baterista Rosi, descobrimos até que os títulos das composições do grupo começam sempre com a palavra que dá início à música.

Atual formação:

Lerida (Lele) no vocal e guitarra

Jordana (Dana) no baixo e back vocals

Rosilene (Rosi) na bateria


AnaGabriiiela - De onde surgiu a ideia de dar o nome Afasia à banda?


Lerida – O conceito de afasia é definido como um distúrbio na percepção e expressão da linguagem. É uma alteração fundamental da comunicação e da formulação do pensamento. Eu tive a ideia do nome quando a banda Dead Fish lançou um CD com esse nome. Fiquei curiosa pra saber o que era. Após o conhecimento do significado da palavra associei o significado com o que nós mulheres muitas vezes sentimos: “Privadas de se expressar pelo machismo patriarcado da sociedade”. Mas é bom deixar bem claro que não usamos o som da banda Dead Fish como referência.

AG - A formação foi sempre essa?

L - Em 2003, quando tive a ideia de montar a banda chamei mais duas amigas e elas gostaram de imediato, mas com o tempo entraram e saíram integrantes, até que, em meados 2005, chegamos a uma formação legal: eu (Lele), Rosi, Dana e Thais. Nessa época gravamos uma demo, em um de nossos ensaios.  No inicio de 2007, eu e a Thais nos mudamos pro exterior e a banda fez uma pausa. Voltamos no meio do ano de 2010, mas a Thais não quis continuar na banda restando somente nós três: Lele, Dana e Rosi.


AG - Porque a escolha da banda em ser composta só por mulheres?

L - Pela ideia principal da banda, que prega em suas letras a luta contra o machismo, o preconceito e também para mostrar que mulher também sabe fazer hardcore de verdade. Lutamos, principalmente, contra submissão feminina, seja no trabalho, em casa ou nas situações gerais do nosso dia a dia. Então achamos que seria legal que a banda tivesse só mulheres, pra chamar atenção e mostrar que mulher é capaz de fazer qualquer coisa, incentivando outras meninas que sonham em ter banda, mas tem receio do preconceito.


AG – Por que os nomes das músicas de vocês sempre começam com a primeira palavra da letra da música?

L – (Risos) Porque uma das integrantes sempre confundia as músicas e essa foi a solução que encontramos para evitar constrangimentos e erros durante os shows. Então ficou assim, YEAH, COME ON, HEY GIRL, SCREAM.

AG – E no Circuito Pássaro Preto? O set list tem apenas próprias ou vocês tocam alguma música cover?

L – Em alguns shows tocamos quase todas as músicas próprias, mas ultimamente estamos fazendo um meio a meio porque estamos em processo de composição, ensaiando músicas novas e então tocamos as próprias mais antigas que gostamos mais e alguns covers.


AG – E qual o cover que o público mais pede?

L – Covers das bandas Dominatrix, Ramones, L7 e The Distillers.


AG – E são essas bandas que vocês mais gostam de tocar?

Rosi – Fazemos covers de Hole e Bulimia também. Mas eu gosto mais de Dominatrix e em geral é preferência da banda. A nossa versão hardcore da música "I Will Survive" também é muito foda! (Risos)


AG – Como vocês são tratadas por outras bandas por se tratar de uma banda exclusivamente feminina?

L e R – Já passamos por muito preconceito, principalmente em Uberlândia. Nos shows já passaram outras bandas na frente da nossa e nos deixaram por último, nos deixaram sem tocar, pois diziam que não tinha mais tempo, fizeram sacanagem na gravação que fizemos entre outros fatos. Mas isso foi no começo, depois que a banda voltou a aceitação esta bem melhor, as bandas respeitam mais e amadureceram em geral, inclusive a nossa.


AG - Já fizeram shows fora? Onde?

L e R- Já fizemos shows nas cidades aqui perto, Araguari e Capinópolis. Dia 15 de janeiro agora, foi do c%@#*&$ a recepção, galera curtiu muito, conseguimos muitos “fãs” e consequentemente mais shows, inclusive temos shows  marcados pra tocar em Araguari, Patos de Minas, Anapólis e Uberaba. Mas em geral a gente toca mais em Uberlândia mesmo.


AG - Quais são as expectativas da banda para 2011?

L e R - Pretendemos compor mais músicas próprias em português, ensaiar cada vez mais, gravar uma demo. Queremos fazer cada vez mais hardcore do c%@#*&$!  Fazer mais shows em outras cidades, porque percebemos que as pessoas das outras cidades admiram e respeitam muito mais as nossas músicas e a banda em si. E sempre bom divulgar a banda, por isso queremos gravar nossas músicas pra poder participar de festivais. Inclusive estamos querendo participar do festival de bandas femininas que acontece no estado de São Paulo.


AG - Para finalizar, a banda deixa um convite, para que todos possam comparecer ao evento Pássaro Preto que acontecerá nos dias 29 e 30.

L e R - Queremos que a galera que apóia a cena de bandas independentes vá ao circuito, e conheça as bandas que participantes. Principalmente nosso público feminino que curte o som porque a presença delas é fundamental para movimentar o Rock sem preconceito, sem restrição e fazer a união.

Link da entrevista:

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